terça-feira, 18 de março de 2008

França vira de novo à esquerda


A França virou de novo à esquerda na últimas eleições municipais. O facto está consumado. Sarkozy foi derrotado, juntamente com a sua UMP. As teses sobre este facto variam, em qual o porquê de, depois de tão pouco tempo da UMP ter ganho por confortável margem, agora foi derrotada tão claramente. François Bayrou, o centrista à margem, mas sempre importante para o resultado final, foi, também ele, derrotado. Mas a minha reflexão vai noutro sentido. Ora, a UMP e o PSF vão rodando, tal como em Portugal (o PS e o PSD) e em todas as democracias consolidadas, entre si no poder. Uns franceses crentes na boa nova Sarkozy, viram agora de novo à esquerda em descontentamento das políticas deste. A minha pergunta, tal como no caso português, é até quando prosseguirão nesta espiral ora isto, ora aquilo. Talvez as propostas dos partidos minoritários em relação ao poder sejam vagas. Talvez nem sequer consigam passar a sua mensagem. Mas o facto de um país virar para o lado e para o outro em tão escasso tempo, deixa antever um estagnar da democracia, já que ambos os partidos mais votados sabem, de antemão, que serão poder, de uma maneira ou de outra, dentro em breve. E isso é um perigo efectivo para as democracias, na minha opinião. Nunca esquecendo, claro está, as elevadas taxas de abstenção que se vão somando nas tais democracias consolidadas. E isso, claro está, também tem de ser levado em conta. Até ao momento em que estas sejam maiores em percentagem do que o partido mais votado... Não sou profeta, muito menos da desgraça, mas esta rotatividade, um dia, vai cheirar a podre. E quando os eleitores estiverem fartos dela, vai haver graves consequências para a democracia... Um bem demasiado precioso para ser molestado.

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