A entrada anterior leva-me a falar de outra coisa que me deixa perfeitamente perplexo. Isto já ocorre há alguns anos a esta parte. Agora virou moda os Governos (ora é PS, ora é PSD) e das Câmaras Municipais fazerem enormes outdoors e cartazes (aos milhares) para anunciar obra feita, e obra a fazer. Ou a ser feita. O Programa Novas Oportunidades é um bom exemplo disso. Lá para baixo para o Terreiro do Paço, ou Praça do Comércio, como preferirem, António Costa decidiu pôr umas tarjas enormes em volta da obra a dizer que o Tejo não podia esperar mais. E não, tem razão. Pelo menos Lisboa fará a sua parte na reabilitação de um dos rios e dos estuários mais lindos do mundo. O que me deixa perplexo não é nada disto. Algumas medidas quer do Governo quer da Câmara Municipal de Lisboa, deixa-me satisfeito. Sou rezingão, mas não sou parvo. O que me deixa enojado é o facto de hoje em dia se anunciarem obras ou programas ou outros de uma forma tão marketinguizada, tão cheia de basófia, como se não fosse obrigação dos que os eleitores elegem fazer essas coisas... Se já à muito se reclamava uma oportunidade dos que se ficaram pelo ensino básico ou secundário há muitos anos para obterem algo mais ao nível da sua formação pessoal e profissional, isso era uma obrigação do Governo. Não um bónus. Se há muito se reclamava pela retirada dos esgotos (um verdadeiro nojo) de fronte da Praça do Comércio, ou Terreiro do Paço, como preferirem, isso era uma obrigação da Câmara, não um bónus. O que eu retiro desta mediatização da obra feita pelos Governos e pelas Câmaras, é que "eu não tenho nada para apresentar, mas olhem, fiz isto; ou estou a fazer". Sinceramente, creio que os Governos tem determinadas obrigações. E uma delas, é melhorar as nossas condições de vida. Isso não tem que ser basofiado. Tem que ser feito. Ponto. Estes outdoors e estes cartazes todos dizem-nos que a basófia e a vã glória é mais que muita. "Estamos todos inchados por ter feito isto. Falta o resto, mas nós fizemos isto. Vejam esta beleza de cartazes... UAU! Fomos nós que fizemos isto!". Francamente, creio ser esta a mensagem que tentam passar. Percebo perfeitamente o que querem fazer. Querem fazer do poder uma campanha permanente, contando-nos tudo o que fazem, vangloriando-se como quem não tinha que o fazer, mas fez. Isto é errado. É mesquinho. É estúpido. Os órgãos nacionais são eleitos para fazer. E fazer bem. E não têm que anunciar aos sete ventos o que vão fazer ou o que estão a fazer. A isso chama-se vaidade.
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