Manuela Ferreira Leite é uma aberração política. Não tenho problema algum em dizê-lo. Tal como ela não tem problema algum em dizer que a democracia, para ela, é um regabofe, algo que deve ser usado conforme as instruções de quem está no poder.
A cultura democrática desta mocinha ficou bem expressa hoje, nas declarações que proferiu. Alías, ela já nos tinha demonstrado todo o seu repúdio pelo conceito de democracia aquando da sua passagem pelos Governos de Cavaco e de Durão. No próprio PSD deve ter havido muita gente que ficou muito contente com estas declarações...
Porém, o problema, para mim, é ainda mais profundo. Vivemos, hoje, numa democracia de faz-de-conta. Nós, os eleitores, a populaça, só interessamos nos dias que precedem os actos eleitorais. Durante esses dias, há políticos que se desenrolam febrilmente em múltiplas promessas de bem-estar para toda a gente, que vai haver mais isto, aquilo e aqueloutro para toda a gente! O problema é que, depois, não muito tempo depois, mandam tudo à urtigas com grande velocidade, fazem umas reformas que no entendimento deles, quanto mais gente têm contra, melhores são, e fazem-nas contra tudo e contra todos, defecando lá do alto para a tal democracia, ou processo democrático, que utilizaram para chegar ao púlpito do poder. Durante o período de tomada de decisões, já os eleitores se devem manter caladinhos o tempo suficiente para que os eleitos iluminados façam aquilo para o qual Deus os mandatou: ter razão em tudo. Ou seja, com isto quero dizer que Manuela Ferreira Leite apenas disse o que todos pensam no PS e no PSD. Porque é que raio nos vêm chatear (professores, mineiros, funcionários públicos, etc., etc., etc.) por causa das preciosas e iluminadas reformas que estamos a levar a cabo, perguntarão Sócrates e os seus acólitos sobre a malta que os anda a chatear nas ruas. De facto, isto que Manuela Ferreira Leite afirmou hoje, já deve ter passado pela cabeça de Sócrates e de figuras sinistras como Maria de Lourdes Rodrigues. Senão, vejamos: nunca a classe dos professores esteve tão unida em torno de uma idéia como hoje. Claro, a ministra é que tem razão. A outra centena de milhar é um lamentável display do que a democracia é, ou deveria ser: uma discussão constante entre os Governos e as forças vivas das populações na busca de mais e melhores soluções para os problemas dos país.
Manuela Ferreira Leite não se pode esconder atrás do manto de que o que disse continha ironia. Hoje, essa etiqueta serve para alguns políticos se livrarem de muitas enormidades que dizem. Mas, também, não batam muito na senhora. Ela apenas abriu o coração e foi sincera com as portuguesas e os portugueses. Abriu a alma e disse o que lá vai dentro...parte do que lá vai dentro... Agora, a culpa é de quem diz estas coisas ou de quem vota nestas pessoas depois de elas dizerem o que dizem?... Bicudo...
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