Movimentos anti-precariedade calados ontem na RTP
Os Precários-Inflexíveis e o FERVE (Fartos/as d'Estes Recibos Verdes) foram calados na RTP. Aconteceu ontem à noite no programa "Prós e Contras", filmado na Casa do Artista, em Lisboa. Estes dois movimentos anti-precariedade tinham sido convidados a participar num debate televisivo sobre as novas propostas de leis laborais apresentadas pelo Governo. Mas quando o representante do FERVE (André Soares) e dos Precários-Inflexíveis (João Pacheco) foram conduzidos aos camarins, foi-lhes dito numa escada de acesso que afinal havia demasiados convidados e apenas um deles poderia falar. Os representantes dos dois movimentos decidiram partilhar o curto "tempo de antena", preparando-se para falar um sobre questões práticas relacionadas com os falsos recibos verdes na função pública e a petição apresentada pelo FERVE à Assembleia da República e o outro sobre o desfile anual anti-precariedade Mayday, que começará à uma da tarde de 1 de Maio, no Largo Camões, em Lisboa. Na sua curtíssima declaração, o representante do FERVE, André Soares, colocou várias questões incómodas ao ministro do Trabalho e da Solidariedade Social Vieira da Silva. A partir desse momento foi impossível os representantes destes dois movimentos anti-precariedade voltarem a falar. O representante do FERVE, André Soares, abandonou o auditório pouco depois de ter falado e de não ter tido direito a respostas do ministro Vieira da Silva, coisa que se esperava de um debate, modelo em que o programa se insere. O representante dos Precários-Inflexíveis, João Pacheco, ficou longos minutos de pé na primeira fila da audiência. Com um microfone desligado na mão, à espera de poder falar pelo menos uma vez. Ao fim de muito tempo, foi convidado a sair por uma das pessoas da produção do programa. Com João Pacheco saíram do auditório em solidariedade todos os membros dos Precários-Inflexíveis presentes até esse momento nas filas da frente do auditório. Os Precários-Inflexíveis repudiam o que aconteceu no "Prós e Contras" de ontem e estão a preparar uma queixa formal ao Provedor do telespectador da Rádio e Televisão de Portugal, professor Paquete de Oliveira. Como é possível que sejam convidadas pessoas para falar num programa de um canal de televisão público, deixando-as depois a fazer figura na audiência, como jarras decorativas? Certos de que a precariedade é uma bomba-relógio social prestes a rebentar em Portugal, os Precários-Inflexíveis dizem aqui o essencial do que ficou por dizer ontem, num programa em que praticamente apenas se falou de trabalho precário: 1 de Maio, uma da tarde, largo Camões, em Lisboa - Mayday! Resta-nos a rua para podermos expressar a nossa luta. A presença desta multidão enganada será ouvida.
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