Ora aí está! Uma das notícias mais aguardadas pelos portugueses. O aumento da idade de reforma está a ser ponderado pelo Governo. Na prática, havemos todos de bater a bota antes de lá chegarmos. E mesmo que consigamos enganar a morte até aos 67 anos, não julguem que ela virá muito depois. Por mim falo, pois o meu pai pouco teve tempo de gozar sobre os quarenta e tal anos de caixa que tinha (anos em que engordou o patrão e a sua família e o Estado). Resultado: recompensa=0.
A idéia de que a vida também é divertimento, lazer e afins, vai-se esbatendo nesta idéia de sociedade moderna, a sociedade do trabalho, do stress e, consequentemente, da doença (mental e física), da psicose, dos psiquiatras e dos psicólogos. Todos nós temos o direito e dever ao lazer, tal como temos a trabalhar. Mas se entramos na escola aos 3, 4, 5 anos de vida e saímos dessa vida estudantil e iniciamos logo o nosso percurso laboral, quero perguntar aos nossos governantes onde está o nosso espaço de lazer. E contando que cada vez mais o trabalho é precário (vínculos precários, baixos salários, poucos direitos) e a recibos verdes (que nem direitos têm), onde vai parar o nosso tempo de lazer? Ou estará este, futuramente, apenas confinado a uma franja da sociedade; os que podem? Porém, os que lá chegarem, pouco mais deverão querer do que calçar umas chinelas e quedar-se em frente à televisão, sorumbáticos. É que a nossa idade de pujança física e psíquica situa-se muito antes dos 67 anos. Deveríamos ter o direito a ter um final de vida condigno, de lazer, de recompensa pelos anos que demos riqueza. Senão, sentimos que tudo o que passámos a fazer nos anos de labuta, foi engordar (ainda mais) os bolsos ao anafado capitalista que nos dava a esmola ao fim do mês (e, na maior parte dos casos, assim é).
Creio que deverá haver espaço ao trabalho e ao lazer. Em medidas justas, claro (não estou para aqui a defender uma vida de regabofe). Uma vida que seja digna. Que tenha direitos e deveres.
Mas sinto que estou para aqui a falar para o boneco. A intenção das "sociedades avançadas" (?) será a de nós não podemos gozar a nossa reforma em plenitude, um justo prémio para quem sempre trabalhou por conta de outrém, enriquecendo esse mesmo (e o Estado), sendo que a sua recompensa, assim, não será mais que uma esmola do Estado para os últimos (poucos) anos de vida.
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