Manuel Alegre, como se sabe, participou este fim-de-semana em novo Fórum alargado de esquerdas, tal como já o tinha feito há algum tempo, na Trindade. Manuel Alegre mostrou, assim, que o caminho da esquerda, tal como eu já o sabia, não é uma coisa acabada, fechada para balanço. É, antes, um caminho novo que se pode e deve percorrer, numa conjuntura em que o Capitalismo dá sinais de fraqueza e que deve servir para uma reflexão séria, à esquerda. Aliás, tal como hoje, nem mais, os militantes mais à esquerda no PS pediram uma maior abertura de José Sócrates para um debate sério aos problemas actuais, pedem os partidos à esquerda do PS que este desça do pedestal onde se instalou, por via da maioria absoluta que teve nas últimas eleições, e debata a conjuntura internacional/nacional e as soluções à esquerda que possam melhorar a vida das pessoas, e promover a igualdade. Tanto quanto se sabe, a igualdade parece, hoje, definitivamente arredada das políticas do PS; 18% da população portuguesa vive com 379€ por mês, manifestamente pouco, ao passo que 20% da população com maiores rendimentos, ganha 6,5 vezes mais que os 20% de população com menos rendimentos. Como diria Guterres, é fazer as contas. E fazer as contas para perceber que pouco, ou nada, foi feito para reduzir esta catástrofe. Isto, em 2007. Comparando com 2006, as diferenças são praticamente desprezáveis.
Falo nisto, porque é nestas questões, e na educação, e na saúde, e no emprego (e no desemprego), e na justiça, etc., que reside o fundamental do debate que há fazer nas esquerdas portuguesas. Entretanto, o PS continua a falar sozinho, num recorrente caminho de continuação de políticas de direita, como foi agora perfeitamente visível aquando da aprovação do novo Código do Trabalho. Só o mais cego dos apoiantes de Sócrates pode afirmar que aquilo é um estiramento à esquerda… Mas é a conjuntura, dizem-nos… A conjuntura tem servido um pouco para tudo. Aliás, o mais engraçado de registar ultimamente tem sido o esforço de Sócrates (para além do esforço suplementar em aparecer TODOS os dias na televisão…) em afirmar que tudo o que de bom se passa em Portugal, é de única e exclusiva responsabilidade do governo PS, e tudo o que se passa de mau é um fado que vem do exterior por via da péssima conjuntura económica. Ora, para quem quiser, obviamente, meia palavra basta…
É claro que o PS de Sócrates, e o seu séquito de militantes mais apoiados ao braço direito da cadeira, do que ao esquerdo, não deseja, abomina, até, uma convergência à esquerda. Porque sabe que esse caminho é mais difícil e requer uma abertura que um PS agarrado à cadeira do poder rejeita liminarmente. É mais fácil seguir o caminho do poder pelo poder, para dar tachos aos sequiosos, que percorrer os trilhos de uma convergência verdadeiramente de esquerda que estes novos tempos precisavam e precisam. Por isso as reacções a esta intervenção de Alegre num Fórum de Esquerdas da parte do PS foram tão negativas. Alegre tem o direito e o dever de participar no que bem entende, quando entende, e não como os outros pensam que deve ser: obediência cega ao partido que, por acaso, até está no governo. Alegre tem o direito de se expressar livremente onde bem entende. E não consigo, de todo, compreender, o sururu que causa estas participações de Alegre nestes Fóruns, no PS. Não consigo. Se o PS defende a liberdade tanto como tenta fazer crer, não compreendo esta objecção a militantes do Partido Socialistas em participar noutras coisas que não sejam do PS. Enfim. Adiante.
Pedro Silva Pereira também, como diz a vozinha que sussurra dentro do PS e na cabeça dos seus militantes, veio a terreiro dizer que não entende a existência estes Fóruns. Pudera. Ninguém precisa que ele explique porquê. Seja como for, fica-se ciente da distância que separa diferentes sensibilidades de esquerdas ao PS. Essa distância vai, certamente, aumentar. Não por meu desejo pessoal, que gostava de ver o PS a discutir as opções, à esquerda, de um planeta sustentável para o novo milénio. Mas por via deste autismo atávico e cavaquista que tomou conta do PS, que sabe tudo e não precisa dos outros para nada. E viva a maioria absoluta…
O PS faz no governo tudo aquilo que “abominava” (abominava entre parêntesis porque sabe-se, hoje, que verdadeiramente não abominava…até gostava…mas tinha que ter um trampolim para chegar ao poder…) enquanto oposição, e isso só pode ser visto mediante o prisma de que o PS rejeita hoje a sua herança de esquerda, para poder prosseguir com a sua face meramente de cariz governativo, sem ideologia definida.
Falo nisto, porque é nestas questões, e na educação, e na saúde, e no emprego (e no desemprego), e na justiça, etc., que reside o fundamental do debate que há fazer nas esquerdas portuguesas. Entretanto, o PS continua a falar sozinho, num recorrente caminho de continuação de políticas de direita, como foi agora perfeitamente visível aquando da aprovação do novo Código do Trabalho. Só o mais cego dos apoiantes de Sócrates pode afirmar que aquilo é um estiramento à esquerda… Mas é a conjuntura, dizem-nos… A conjuntura tem servido um pouco para tudo. Aliás, o mais engraçado de registar ultimamente tem sido o esforço de Sócrates (para além do esforço suplementar em aparecer TODOS os dias na televisão…) em afirmar que tudo o que de bom se passa em Portugal, é de única e exclusiva responsabilidade do governo PS, e tudo o que se passa de mau é um fado que vem do exterior por via da péssima conjuntura económica. Ora, para quem quiser, obviamente, meia palavra basta…
É claro que o PS de Sócrates, e o seu séquito de militantes mais apoiados ao braço direito da cadeira, do que ao esquerdo, não deseja, abomina, até, uma convergência à esquerda. Porque sabe que esse caminho é mais difícil e requer uma abertura que um PS agarrado à cadeira do poder rejeita liminarmente. É mais fácil seguir o caminho do poder pelo poder, para dar tachos aos sequiosos, que percorrer os trilhos de uma convergência verdadeiramente de esquerda que estes novos tempos precisavam e precisam. Por isso as reacções a esta intervenção de Alegre num Fórum de Esquerdas da parte do PS foram tão negativas. Alegre tem o direito e o dever de participar no que bem entende, quando entende, e não como os outros pensam que deve ser: obediência cega ao partido que, por acaso, até está no governo. Alegre tem o direito de se expressar livremente onde bem entende. E não consigo, de todo, compreender, o sururu que causa estas participações de Alegre nestes Fóruns, no PS. Não consigo. Se o PS defende a liberdade tanto como tenta fazer crer, não compreendo esta objecção a militantes do Partido Socialistas em participar noutras coisas que não sejam do PS. Enfim. Adiante.
Pedro Silva Pereira também, como diz a vozinha que sussurra dentro do PS e na cabeça dos seus militantes, veio a terreiro dizer que não entende a existência estes Fóruns. Pudera. Ninguém precisa que ele explique porquê. Seja como for, fica-se ciente da distância que separa diferentes sensibilidades de esquerdas ao PS. Essa distância vai, certamente, aumentar. Não por meu desejo pessoal, que gostava de ver o PS a discutir as opções, à esquerda, de um planeta sustentável para o novo milénio. Mas por via deste autismo atávico e cavaquista que tomou conta do PS, que sabe tudo e não precisa dos outros para nada. E viva a maioria absoluta…
O PS faz no governo tudo aquilo que “abominava” (abominava entre parêntesis porque sabe-se, hoje, que verdadeiramente não abominava…até gostava…mas tinha que ter um trampolim para chegar ao poder…) enquanto oposição, e isso só pode ser visto mediante o prisma de que o PS rejeita hoje a sua herança de esquerda, para poder prosseguir com a sua face meramente de cariz governativo, sem ideologia definida.
2 comentários:
Há uma diferença entre esses militantes que tu classificas como de "mais à esquerda" e o Manuel Alegre. Este apesar de criticos de algunas aspectos da Governação( aliás como eu ), não andam a participar em iniciativas da oposição... São construtivos e não destrutivos. Estão com o seu partido, querendo apenas com as suas criticas, contribuir para melhorar a sua actuação. Pelo contrário, Alegre diz mal de tudo o que o Governo faz. Nada para ele está correcto. Fala muitas vezes daquilo que não sabe.
Deixa-me que te diga que o que o Governo faz, é tudo o contrário daquilo que prometera em campanha, também...
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