Em qualquer lugar, de qualquer cidade, nos deparamos com mentes que, não ostentando cabeças rapadas, argumentam da forma mais vil e sem consistência, argumentos fascistas, xenófobos e racistas, quando é óbvio o crescimento de Portugal desde meados dos anos 1990, baseado na mão-de-obra imigrante. A partir do momento que se pensou em construir, em catadupa, como se de cogumelos se tratassem, prédios e obras públicas e privadas, a mão-de-obra imigrante foi a salvaguarda para o enriquecimento dos grandes senhores deste país, em particular, e da Europa, em geral. Basta que se pesquise devidamente estes factos, seja no INE, em observatórios de investigação, artigos na net, etc, que esta realidade se torna tão clara como 1+1=2. Segundo dados do ACIDI, a mão de obra imigrante, em tempo de crise e de despedimentos colectivos, é a primeira a ser dispensada; outra realidade é também o facto de, os imigrantes em Portugal, representarem metade daqueles que, sendo portugueses se encontram no estrangeiro a trabalhar, e que têm as mesmas aspirações que os que chegam ao nosso país.
Creio que a comunicação social devia ter um papel mais imparcial e justo na informação que é passada às populações. A verdade é que raramente pomos em causa aquilo que o jornalista informa, principalmente quando falamos em meios televisivos. Nem sempre a notícia é tal e qual como está a ser dita. Só para exemplificar, quando há uns anos se noticiou o “arrastão”, ouviu-se falar em 500 indivíduos negros, numa praia de Carcavelos, a espalhar o terror. Quando, um ou dois dias depois, entidades de segurança pública vieram abordar o assunto, informando que não se tratava de 500 mas de 15 ninguém deu importância - quando falo no assunto com outras pessoas, não encontro ninguém que se recorde desta segunda notícia. As generalizações de que qualquer ser humano se serve para categorizar o seu quotidiano, são grandemente influenciadas por situações semelhantes a esta. É mais fácil justificar um acto violento e criminoso com base no “estes tipos não valem nada e deviam ir para a terra deles”, do que pensar em desmistificar estas coisas e pensar que todas as manhas, centenas de mulheres e homens imigrantes acordam para servir o país por um ordenado tão miserável que muitos portugueses são incapazes de aceitar. Há pessoas boas e más em qualquer lado – existem indivíduos de palitó, sentados nas suas secretarias a administrar o país e as suas empresas, que nos roubam directamente do bolso e nós vemos impávidos e serenos. Esses são tão ladrões, criminosos e vigaristas como qualquer jovem delinquente que cresceu num bairro social com baratas a passearem na cozinha, casas essas facultadas pelo Estado mas onde os senhores governadores não gostariam de viver (como qualquer outro cidadão que saiba o que é viver em situações condignas)? Creio que não, são bem piores - a diferença é que têm um sistema que os protege e permite que sejam corruptos, debaixo das nossas barbas.
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